Te desejo — não como objeto,
mas como palavra.
Te desejo enquanto significante,
não enquanto corpo.
Desejo é falta,
é pura negatividade,
sem objeto,
sem repouso.
Meu inconsciente,
essa arquitetura da linguagem,
é uma cadeia de significantes —
cada um me leva a um sentido,
mas nenhum me leva a ti,
para além da linguagem.
Meu desejo, posto que é chama,
é significante puro.
E eu — afinal —
não amo ninguém.
Amo a palavra.
