Podes me bloquear?
Nem poses, nem risos de nada vão adiantar.
O veneno já percorre a artéria — e a pleura.
Eu já não sou o mesmo. E você?
Diga-me com toda certeza:
O quê estamos vivendo?
Longe? Perto?
Em cima? Embaixo?
Desative. Ignore.
Mas as tuas mitocôndrias — querem o quê?
Quem?
Escreva com batom no espelho.
Admire-se.
Sinta-se desejada
por tudo aquilo que ainda virá a ser.
Sinta a energia cósmica —
rito iniciático entre os que nunca se tocam.
Miasmas eletrônicos,
corpos estranhos — e tão iguais.
Espelhos e vidraças,
defronte à praça,
defronte à velha figueira de São Benedito.
Dos pretos. Dos pobres.
Suplico por teu riso — mesmo que artificial.
Sabemos o porquê?
Talvez nunca.
Mas aqui estamos,
no compasso desta valsa
que nos levará direto ao fim dos dias.
Juntos? Talvez.
Seguiremos rumo ao Atlântico —
ou à terra fértil do seco Cerrado.