Douto arrogante e inefável,
de cócoras percebes —
perdeste a paz.
Como a primavera que inflama o inverno,
teu brilho resgata o olhar que jaz.
Roubaste-me a paz,
roubaste-me o pensamento,
roubaste-me o ar.
Douto ignorante!
Já havia sacramentado
o fado e a vida...
Calor que queima a alma,
simplicidade que embriaga,
paradoxo da existência frágil!
Sem chão, o douto vagueia,
pelo árido chão do cerrado.
De joelhos ou de cócoras,
lá se vai o sertanejo,
ao ermo Morro Azul —
onde o céu se rasga em prece.
E a ninfa — musa das musas —
de pele alva e lábios rubros,
a sombra que me toma a sobriedade,
ficará encravada,
eterna,
na alma tua…
