O tilintar da colher do pedreiro,
assentando um tijolo de barro cozido.
Na algazarra orquestra de toda a minha vida,
naqueles rincões, nos bairros sem asfalto,
ressoava o som da construção que via.
No mormaço de uma tarde caída
ou na aurora de mais um dia,
correndo descalço pela terra batida,
sempre tilintava a orquestra
em sua extrema desarmonia.
E hoje, na calmaria,
minha alma procura
pelo tilintar da alvenaria —
nessas manhãs enfadonhas,
sinto saudades daquela agonia.
Ó saudades daquela imensa turma
que aos domingos capinava o campinho,
preparando o time do bairro
para a batalha que nem sempre vencia.
Nas preocupações de outrora,
a felicidade nem nos bolsos cabia
dos moleques descalços e desconectados,
patrulhando descamisados como numa elegia.
Ríamos, brigávamos,
e no alvorecer de mais um dia,
o tilintar carpinteiro
nos acordava bem cedinho.
Batendo palmas no gradil,
anunciavam: mais uma aventura!