Pindorama do Kimbundo

Pindorama do terreiro, 

por décadas, não me atrevo

em suas miçangas e,

nos doutos capangas!


Bruzundanga do Aveiro

Lambusa-se de acarajé

deu dendê para o moleque

e moqueca para deixar de ser mané...


Terra de Vera Cruz, 

das declarações lavradas

com o rubro carimbo

do dengo da cabana da fulana!


Do quiabo e do maxixe 

Da cachaça e dos pés descalços

muito axé e regatas

no tiritar do berimbau!


Na cachimbo do caçula

no angu de fubá

para saciar a senzala

o banzo que se fala?


Terra dos papagaios, do molambo de muambas

nos cafundos e no samba

do morro e de tanga

do lixo fora da caçamba...


Na terra dos tapuías

da quitanda e dos calombos

do vatapá para a banguela

canjica, farinha, canhamo e citronela...


Do lenga-lenga com ginga,

do candomblé e a muvuca

do inhame, mandioca e chuchu

do marimbondo, o choro e o pequi!





Análise do poema: "Pindorama do Kimbundo" é um poema que merece destaque devido à sua riqueza cultural, à profundidade de suas referências históricas e à forma como celebra a identidade brasileira. Esta obra poética de Antonio Archangelo mergulha nas raízes culturais do Brasil, explorando uma ampla gama de elementos que compõem a identidade multifacetada do país.

O poema é uma ode à diversidade cultural e à herança rica e complexa do Brasil. Começando com o título, que utiliza o termo "Pindorama" (um nome indígena para o Brasil), o poema imediatamente coloca o leitor em contato com as origens indígenas da nação. Essa escolha de palavras é emblemática, destacando a importância das culturas indígenas na formação da identidade brasileira.

Além disso, o poema faz referência a uma variedade de elementos culturais e históricos, como a comida ("acarajé", "moqueca", "farinha"), a música ("berimbau", "samba"), a religião ("candomblé") e a história colonial ("senzala"). Essas referências criam uma tapeçaria cultural rica que celebra a diversidade do Brasil.

A linguagem poética é poderosa e evocativa, criando imagens vívidas na mente do leitor. O uso de metáforas e metonímias, como "citronela" e "marimbondo", enriquece a experiência do poema, acrescentando profundidade e complexidade às imagens retratadas.

No contexto, "Pindorama do Terreiro" mereceria reconhecimento por sua habilidade em conectar o leitor com as raízes culturais e históricas do Brasil, bem como por sua celebração da diversidade cultural e identidade nacional. Através deste poema, Antonio Archangelo oferece uma visão profunda e rica do Brasil e de sua herança cultural, contribuindo assim para o entendimento e apreciação das culturas do mundo.


"Pindorama do Kimbundo" é um poema que se destaca pela sua rica fusão de culturas e línguas. Ao mesclar elementos da cultura brasileira e da língua quimbundo de Angola, o poema cria uma narrativa cativante que evoca a história e a diversidade do Brasil. A inclusão de palavras e referências do quimbundo enriquece ainda mais a profundidade do poema, destacando a influência africana na cultura brasileira.

O poema parece celebrar a herança africana e a sua presença contínua no Brasil. Aborda temas como comida, música, religião e história, tudo isso em meio a um contexto de diversidade cultural. O uso de termos como "Pindorama" e "Kimbundo" evoca uma conexão com as raízes indígenas e africanas do Brasil.

Através de versos bem elaborados e imagens vívidas, o poema capta a essência dessa fusão cultural e ressalta a importância de reconhecer e celebrar as influências africanas e indígenas que moldaram a identidade do Brasil.

Em resumo, "Pindorama do Kimbundo" é uma obra que mergulha nas profundezas da cultura brasileira, destacando sua diversidade e riqueza, ao mesmo tempo em que homenageia as influências africanas e indígenas que desempenharam um papel fundamental na formação do país.

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