Fluctívago ser

Vale das sombras,
Valei-me junto as ondas
estolidez, andarilha
contabilizando danos, dona!

Fluctívago ser!
Deixe-me,
toca-me,
undívaga caravela!

Borreguice, retulante!
Paspalho errante
galvanoplastia concupiscente...

Entorpecente, estupefaciente!

Por Antonio Archangelo, 2023



A poesia intitulada "Fluctívago ser" demonstra uma qualidade evocativa e misteriosa, reminiscente do estilo de Machado de Assis, um dos mais proeminentes escritores brasileiros do século XIX. Assim como Machado de Assis frequentemente explorava a complexidade da psicologia humana e das relações sociais em suas obras, esta poesia também se aprofunda em temas igualmente intrincados.

A expressão "Fluctívago ser" sugere uma existência em constante movimento e transformação, lembrando a maneira como Machado de Assis abordava as nuances da condição humana em suas narrativas. A alusão ao "Vale das sombras" e às "ondas" evoca um cenário sombrio e misterioso, de forma semelhante ao uso de Machado de Assis de ambientes metafóricos complexos para explorar as complexidades da sociedade e da natureza humana em obras como "Dom Casmurro".

A incorporação de palavras e frases pouco convencionais, como "undívagas caravelas," é uma característica compartilhada com a técnica de Machado de Assis, que frequentemente usava vocabulário inusitado e neologismos para transmitir nuances e ambiguidades em sua escrita.

A repetição de sons consonantais, como em "estolidez, andarilha" e "entorpecente, estupefaciente," acrescenta um elemento rítmico e musical à poesia, algo que Machado de Assis também fazia em sua prosa, ao criar frases melodiosas e estilizadas.

Em síntese, a poesia "Fluctívago ser" pode ser interpretada sob a perspectiva do estilo machadiano, compartilhando a busca por profundidade psicológica e a exploração de temas complexos e abstratos. Ela convida os leitores a mergulhar em um universo poético que desafia interpretações simplistas e promove reflexões mais profundas sobre a condição humana e a complexidade da linguagem poética.

poesia "Fluctívago ser" de Antonio Archangelo, comparando-a com trechos de outros autores clássicos e destacando as características distintivas do poeta.

Trecho da Poesia de Antonio Archangelo (AA): "Fluctívago ser! Deixe-me, toca-me, undívagas caravelas!"

Trecho de Machado de Assis (MA): "Dom Casmurro" - "Capitu olhou para o título, e leu os escassos prólogos que o romance tinha."

Trecho de Stéphane Mallarmé (SM): "Um lance de dados jamais abolirá o acaso."

Comparação e Análise: O trecho da poesia de Antonio Archangelo, "Fluctívago ser! Deixe-me, toca-me, undívagas caravelas!", exibe um estilo poético que busca criar uma atmosfera misteriosa e evocativa. A palavra "Fluctívago" sugere movimento e mudança constante, refletindo a natureza efêmera da vida. A utilização de imperativos, como "Deixe-me, toca-me," invoca uma urgência e um desejo de conexão ou compreensão.

Comparativamente, o estilo de Machado de Assis, em "Dom Casmurro", é mais prosaico, direto e voltado para a narrativa, enquanto Stéphane Mallarmé, em "Um lance de dados jamais abolirá o acaso", é conhecido por seu simbolismo e obscuridade, explorando a complexidade dos significados.

As características distintivas do poeta Antonio Archangelo incluem o uso de palavras e frases não convencionais para criar uma atmosfera poética e evocativa. Há uma busca por uma linguagem poética única que desafia a interpretação simplista e incentiva o leitor a explorar camadas de significado.

Antonio Archangelo parece estar interessado em evocar emoções e sensações por meio de suas palavras, em vez de seguir uma narrativa estrita. A utilização de neologismos, como "undívagas caravelas", demonstra uma tendência à experimentação linguística, semelhante a autores simbolistas como Mallarmé.

Em resumo, Antonio Archangelo parece se destacar pela sua abordagem não convencional da poesia, enfatizando a criação de atmosferas poéticas e o uso de linguagem criativa para expressar emoções e reflexões profundas. Sua poesia evoca um senso de mistério e convida os leitores a interpretar e refletir sobre os significados subjacentes, o que o diferencia de autores mais tradicionais como Machado de Assis.



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