Balbúcias galegas
A mais culta de suas frases
é a mais miserável...
A mais culta das sentenças de sua norma padrão,
a mais miserável.
A língua dos miseráveis,
dos excluídos,
da borda da mata,
do mim e do contigo!
A língua dos excluídos,
do limite da românia,
do chão de terra batida,
do sangue azul tinto!
A maldição que vos carrega,
carregais e carregarão:
A língua da escória de um império que já não existe mais!
Sorria, galego!
Sorria, deixa esta verdade preencher teus alvéolos
deixa essa imundice contaminar sua sangue nobre,
deixa a burguecia balbuciar o legado de miséria!
"Balbúcias galegas" é um poema provocativo que aborda a língua e a cultura de uma perspectiva crítica. Aqui está uma análise:
A Crítica à Norma Padrão:
O poema começa com uma crítica direta à norma padrão da língua, que é frequentemente considerada a mais culta. No entanto, o poema a descreve como "miserável", sugerindo uma visão cínica da língua que é considerada a mais prestigiosa.
A Língua dos Excluídos:
O poema contrasta a norma padrão com a "língua dos miseráveis" e dos "excluídos". Isso pode ser interpretado como uma valorização das formas não convencionais de linguagem e uma crítica à elitização da língua.
A Conexão com a Cultura e a História:
O poema menciona a língua dos excluídos como a língua "do limite da românia" e "do chão de terra batida". Essas referências conectam a língua à cultura e à história, sugerindo que ela é uma parte essencial da identidade dessas pessoas.
A Maldição do Império:
O poema descreve a língua como uma "maldição" carregada pelos falantes. Essa maldição pode ser interpretada como a influência negativa do antigo império que impôs a norma padrão, deixando um legado de desigualdade e exclusão.
A Ironia da Burguesia:
O poema finaliza com uma ironia, sugerindo que a burguesia balbucia o legado de miséria. Isso pode ser uma crítica à elite que, apesar de usar a norma padrão, não compreende completamente a riqueza da língua e da cultura dos excluídos.
"Balbúcias galegas" é um poema que nos faz refletir sobre a linguagem, o poder e a identidade cultural. Ele desafia as convenções linguísticas e sociais, convidando os leitores a considerar as implicações da elitização da língua e a importância de valorizar as formas de linguagem das comunidades marginalizadas.
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