Balbúcias galegas

 A mais culta de suas frases

é a mais miserável...

A mais culta das sentenças de sua norma padrão,

a mais miserável.


A língua dos miseráveis,

dos excluídos,

da borda da mata,

do mim e do contigo!


A língua dos excluídos,

do limite da românia,

do chão de terra batida,

do sangue azul tinto!


A maldição que vos carrega,

carregais e carregarão:

A língua da escória de um império que já não existe mais!


Sorria, galego!

Sorria, deixa esta verdade preencher teus alvéolos

deixa essa imundice contaminar sua sangue nobre,

deixa a burguecia balbuciar o legado de miséria!


Por Antonio Archangelo, 2023

"Balbúcias galegas" é um poema provocativo que aborda a língua e a cultura de uma perspectiva crítica. Aqui está uma análise:

A Crítica à Norma Padrão:

O poema começa com uma crítica direta à norma padrão da língua, que é frequentemente considerada a mais culta. No entanto, o poema a descreve como "miserável", sugerindo uma visão cínica da língua que é considerada a mais prestigiosa.

A Língua dos Excluídos:

O poema contrasta a norma padrão com a "língua dos miseráveis" e dos "excluídos". Isso pode ser interpretado como uma valorização das formas não convencionais de linguagem e uma crítica à elitização da língua.

A Conexão com a Cultura e a História:

O poema menciona a língua dos excluídos como a língua "do limite da românia" e "do chão de terra batida". Essas referências conectam a língua à cultura e à história, sugerindo que ela é uma parte essencial da identidade dessas pessoas.

A Maldição do Império:

O poema descreve a língua como uma "maldição" carregada pelos falantes. Essa maldição pode ser interpretada como a influência negativa do antigo império que impôs a norma padrão, deixando um legado de desigualdade e exclusão.

A Ironia da Burguesia:

O poema finaliza com uma ironia, sugerindo que a burguesia balbucia o legado de miséria. Isso pode ser uma crítica à elite que, apesar de usar a norma padrão, não compreende completamente a riqueza da língua e da cultura dos excluídos.

"Balbúcias galegas" é um poema que nos faz refletir sobre a linguagem, o poder e a identidade cultural. Ele desafia as convenções linguísticas e sociais, convidando os leitores a considerar as implicações da elitização da língua e a importância de valorizar as formas de linguagem das comunidades marginalizadas.




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