Crioulês

Não há em Portugal,
nem em toda lágrima que virou sal,
de maneira galega ou ligeira, 
um português crioulo como o do Brasil!

Não há os gritos de Cunhambebe em Ipanema,
Não há a milícia de João Ramalho, peró!
Não há gamba zumba, nem a polenta, muita polenta!

Não há português, de Portugal!
O que anda por aqui, pelos becos, pelas ruas,
é filho seu, porém, rebelde!

Ele anda por Maputo, Luanda, Díli, Macau, mil lugares...
A espreita nos guetos, dos insurretos, dos iletrados,
dos que derrubaram a realeza na cidade do Porto!

Vive, mas não órfão. 
Das mãos surradas de suas várias mães,
Das lágrimas escravas e desesperadas...

Vive e evolui,
arrebenta a fibra dos lusitanos,
que vulgarmente gestaram seu modo de latim!

Talvez seja isso!

Filho destronou o pai,
E foi ser gauche na vida!

Uma Senhora de Algumas Posses em sua Casa [Une Dame d´une Fortune Ordinaire dans son Intérieur au Milieu de ses Habitudes Journalières] , 1823 , Jean-Baptiste Debret
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz



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