Xênia


Evoco esta lírica que emergiu dos mares galegos,

Dos celtas, romanos, árabes: a fusão providencial 

Do sangue e da peleja que se assemelha

a fúria de Poseidon no chão de Gibraltar...


Se nas gens dos celtiberos,

Títo Lívio, em suas notas lembrou

entre os rios Ebro e Tinto Huelva,

local de abundância, cartagineses asseverou.


Ó Senhor, somos, então, celtas?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou!


A bravura de Hanão, como podes, não evitou:

as lâminas de Cipião Calvo, no bucólico cenário, 

lusitanos e a Indíbil subjugou

mesmo com suplícios de Asdrúbal, 

Viriato e Himilcão condenou!


Ó Senhor, somos, então, romanos?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou!


Em Augusta Emerita, assistiu a queda de César e da Magna Roma,

no apogeu e num futuro que a pax, o visigodo ignorou

nas mãos de Rodrigo e Aquilla a lusitânia, por décadas, governou.


Ó Senhor, somos, então, visigodos?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou!


Sob a ira de Tárique, ex-cativo de Magrebe,

o califado muçulmano, em terras lusitanas, instaurou,

que este chão árido, algum dia, quiçá, reivindicou.


Ó Senhor, somos, então, árabes?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou! 


Algarbe Alandalus aos árabes bravamente resistiu

que a voz vociferante de Afonso Henriques, os mouros expulsou

e em Algarves, então Afonso III, a terra lusitana recuperou!


Ó Senhor, somos, então, lusitanos?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou! 


Nos mares subjugados, a audácia de Vasco da Gama estimulou

magnanimamente a frota de Cabral no porto seguro desembarcou.

Instaurou, naquele 22 de abril, junto aos tupiniquins, que tão logo prosperou!


Ó Senhor, somos, então, portugueses?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou! 


Na disputa entre Cunhambebe, maíres, perós e João Ramalho, 

E Tibiriçá, em São Paulo e Guanabara dominou, 

Em Bertioga até Hans Staden condenou

em guerras guaraníticas esta terra selou!


Ó Senhor, somos, então, Tupiniquins, Jês, Tupinambás, Tamoios, etnias multi diversas em Hy Brazil?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou! 


Do Congo, de Angola, Gana, Moçambique e mouros a mão de obra escrava, a chacina aportou,

Na resiliência de Ganga Zumba e Zumbi dos quilombos, dos lanceiros negros a morte encomendou, 

A terra do novo mundo com rubro negro sangue condensou!


Ó Senhor, somos, então, africanos?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou! 


A tal gênese, o povo gentio que retornou

da românia terra, no Brasil encontrou:

- Comida, guerras, mortes, parcerias com esta gente miscigenou

na selva verde esperança, o concreto dominou! 


Ó Senhor, somos, então, italianos, espanhóis…?

Ó Senhor, somos o que somos, tu que determinou! 

Sois então um celta, um romano, um árabe, um indígena, um português, um africano, um italiano, um espanhol, um japonês?


Sou, na verdade, o que tu determinou:

-Brasileiro com muito louvor!




Comentários

  1. Encontrei esse poema , achei lindo e , quero aprender sobre a história, pois foi o SENHOR q me fez olhar o face nessa página. Grata pelo ensino.

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