Cântico ao desesperançoso

Por teimosia, somente por ela, visito o enterro de minhas quimeras
Últimas evidências químicas natimortas e silenciosamente sombrias
Molécula por molécula,  benzeno por benzeno rogo pela lucidez
Subjugado, estalado indubitável de quando aos prantos ela me deixou...

Centelha cortejada com as licorosas esperanças ajoelhei-me,
desejando, sobremaneira, as cintilantes notas de minha respiração.
E lá estava você, intacta, ignorando solenemente o estrago que fez
Afinal a causa é sentida somente por quem com ferro em brasa ferido foi...

Ao visitar tais lembranças embaraço-me,
padeço-me neste cortejo sem fim,
Semblante sonâmbulo daquele que jaz
E apodrecerá aos pés de quem já se foi...

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