A menina, a cenoura e os rabanetes

Aquele dia, dia aquele!
Meu estômago ronronava...
Prova-ei-de todos aqueles rabanetes
Pois já não haviam sabonetes!

A chuva, bruma, gélida e fria.
Tecia desenhos no vidro espelhado,
ruivo tecido ensolarado.

Mas na metade da mesma canção,
Trêmulas as mãos,
vermelhas e cintilantes.

Retinas frente a frente,
Amálgama cerne que toquei por segundos.
Precisava dizer: Bem, tenho que ir...

Puro desfeche as tais cenouras brilhantes,
Coelhos flutuantes que cavalgavam em meu estômago.
Quando vi aqueles deliciosos rabanetes,

Toquei-a, antes, re-toquei-a,
depois, na terceira vez,
Ela negou-me....

Na sexta parte, da prova dos noves,
Percebeu, a menina, que coração, lúcido!
Por Teseu, já era tarde!

Tarde era quando percebeu,
por Teseu, lúcido coração!
Da memética: - Traga-me, o enlatado!

o meme que pode te fazer,
sentir doces embrulhos estomacais.
Beijei a sua mão, como se fosse a última....
Abri, olhei, afrouxei e percebi:

- Este louco amor de moço, selou seu fim, ali!

(ARCHANGELO, A. Ápeiron, Ed. Buriti, 2019)


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