Balada na caixinha de música

Somente com sorriso podes superar,
teus problemas, sem promessas a trilhar,
sem dizeres teus encantos, conhecestes a minha dor.
E que dorme, em algum lugar, teu antigo admirador.

Aquela pessoa que tanto admirou em nada mudou,
amarrada ao tempo, no fim, nada de fato alterou.
Na dupla fenda, em outro magnânimo olhar
Ás vezes pode iludir, revelar, ou enganar!

Várias facetas do mesmo objeto.
Tateadas com o tempo, no âmago do arpoador,
no fundo chegaria, nas profundas águas do mar.

Abaixe a cabeça e soluce o que se viveu,
guardando por nenhum instante,
pensando, em vão, o que se foi.

Brilhando, de olhar;
Sorrindo, de beijar;
Inocência nonsense;
Sem nunca simular!

Contemplando o som,
da caixinha de música,
a face molhada disfarçada,
na bruta alma, a tua dor.


(ARCHANGELO, A. Ápeiron, Ed. Buriti, 2019)


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